Você sabia que ao movimentar a sua conta bancária a Receita Federal, através de um sistema apelidado de Hal tem completo controle das suas operações?
Esse cérebro eletrônico como é conhecido fica localizado em Brasília, e tem por objetivo fiscalizar as contas bancárias de todos os brasileiros, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas.
Localizado mais precisamente no 5º subsolo do Banco Central, o Hal trabalha incansavelmente sem cessar. Ele é um supercomputador desenvolvido com o propósito de reunir, fiscalizar e atualizar todas as contas bancárias das mais variadas instituições financeiras instaladas no país.
Apesar de ser tratado e conhecido popularmente como Hal, o seu verdadeiro nome é Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (CSS).
O cruzamento de informações
Quando foi desenvolvido o Hal, sua primeira carga de informações durou aproximadamente 4 dias. Quando esse processo chegou ao fim o supercomputador já havia criado nada mais, nada menos que 150 milhões de diferentes pastas.
Cada pasta corresponde a um correntista do país, sendo ela interligada por CPF e CNPJ ao nome do titular da conta e seus procuradores.
Mas, a atuação do Hal não parou por aí. Todos os dias o cérebro de Brasília acrescenta em torno de um milhão de novos registros oriundos do sistema bancário em seus arquivos.
Para se ter uma breve ideia, o Hal responde em torno de 3 mil consultas diárias, sendo que toda e qualquer conta que é aberta, fechada, movimentada ou abandonada em qualquer instituição financeira no Brasil está ali armazenado, com informações sobre origem da saída, destino e nome do proprietário.
Como funciona este sistema
O sistema é composto de três servidores e cinco CPU´s das mais variadas marcas. Eles trabalham simultaneamente em um sistema chamado cluster.
Um andar inteiro é ocupado no subsolo do Banco Central somente para armazenar esse sistema. Essa inteligência artificial foi desenvolvida pelo próprio BC, sendo que ela já consumiu mais de R$ 20 milhões do orçamento que foi destinado ao projeto.
Para ter um parâmetro da dimensão dessa tecnologia, somente dois países em todo o mundo possuem um sistema parecido: Alemanha e França. Contudo, em ambos os países o sistema fica aquém do cérebro brasileiro.
No sistema alemão por exemplo, o tempo entre a abertura de uma conta e o seu registro no sistema demora cerca de dois meses. O Hal consegue, diferentemente do sistema alemão fazer o registro em tempo recorde.
Os benefícios do Hal
O Hal é uma ferramenta tecnológica de ponta, que conforme vimos é a mais desenvolvida em todo o mundo. E, surge inclusive uma dúvida na mente das pessoas, porque nos países como EUA, Suécia, Noruega essa tecnologia não foi desenvolvida?
Uma resposta para essa questão está na sonegação. Nesses países acima citados, como a sonegação é muito baixa, não houve necessidade de buscar uma tecnologia tão desenvolvida para essa finalidade.
O Brasil é um dos países que mais sofre com a sonegação de imposto e fraudes fiscais. E esse supercomputador é uma ferramenta decisiva para combater essas fraudes, como sonegação, caixa dois e lavagem de dinheiro dentro do país.
Através de um único clique, Juízes e procuradores, bem como a polícia federal conseguem acessar diretamente o banco de dados do Hal e saber a movimentação dos últimos cinco anos de uma determinada conta corrente.
Só para ter uma ideia desse imenso benefício, antes de existir essa inteligência artificial, quando a justiça solicitava uma quebra de sigilo bancário, o Banco Central precisava emitir um ofício para todos os bancos do país. Neste ofício eram solicitados informações referentes ao CPF e CNPJ do investigado.
Existia até então uma média de 3 mil pedidos diários. Multiplicando isso por 182 instituições bancárias existentes no Brasil chegamos a um valor aproximado de 546 mil ofícios distribuídos diariamente. Um custo bastante alto, não é mesmo?
Como é feito o cruzamento de informações?
A inteligência do Hal é realmente surpreendente. As informações que envolvem um CPF ou CNPJ são cruzados de forma online com diversas outras instituições espalhadas pelo país, sendo elas:
- Detran – Avalia registro de propriedade de veículos, motos, etc;
- Cartórios – Busca o registro de imóveis no CPF ou CNPJ consultado;
- Bancos – Busca toda a movimentação incluindo cartão de crédito e empréstimos;
- Operações empresariais – Incluí FGTS, INSS, IRRF além de operações de compras e vendas, bem como as despesas fixas como água, luz, energia elétrica, entre outros.
Toda essa busca de informações se dá no âmbito Municipal, Estadual e Federal. Com isso o governo consegue amarrar toda a movimentação de pessoas físicas e jurídicas em todo o território nacional.
Como já dissemos anteriormente e vale reforçar, essas informações ficam disponíveis no sistema que pode ser acessado por qualquer órgão da justiça por aproximadamente cinco anos.
O Combate à sonegação começa nos grandes e vai até os pequenos
Uma grande dúvida que muitos trazem é se o governo irá chegar também ao pequeno empreendedor.
Para se ter uma ideia, apenas 6% das empresas do país são optantes pelo regime tributário Lucro Real, sendo essas empresas responsáveis por 85% de toda a arrecadação tributária.
As empresas optantes pelo Lucro Presumido representam 24% e são responsáveis por recolher em torno de 9% de impostos de toda arrecadação nacional.
Já 70% de todas as empresas do país são optantes pelo simples, sendo que a arrecadação dessas empresas é de apenas 6% no que corresponde o montante da arrecadação nacional.
Como é possível notar, o controle das grandes empresas já está praticamente ficando alinhado, e o Fisco irá centrar todos os esforços nos próximos anos onde a representação de empresas é maior e a arrecadação menor, ou seja, nas empresas optantes pelo Simples.
Por essa razão, é importante começar a se esforçar cada vez mais no alinhamento do seu negócio. Procurando acertar a precificação, a organização financeira e fiscal para não enfrentar problemas futuros com a receita.
Para se ter uma base, movimentos em conta corrente de pessoa física que superam R$ 5 mil no semestre, e pessoas jurídicas que movimentam acima de R$ 10 mil, já são informadas pelas instituições financeiras para o governo através da Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira (DIMOF).
Sendo assim, acredita-se que em pouco menos de dois anos até mesmo a declaração do imposto de renda já virá pronta, somente para validação. Então, procure a ajuda de um bom contador e busque ficar em dia com suas obrigações perante o fisco.